quarta-feira, 21 de julho de 2010

Palavras de gente qualquer




Palavras indigentes, invisíveis letras
Assim como moradores de rua ao relento,
Deitados em um fino pedaço de espuma e enrolados em sacos plásticos, numa esquina qualquer tentando se aquecer.
Embaixo de uma marquise vestindo jornais com notícias ultrapassadas,
Mas não importa, pois a maioria nem sabe ler ou escrever o próprio nome.
Sem comida, banho e teto.
Trabalhadores de alguns sinais,
Vida ou morte, sorte e azar, dependendo da boa vontade dos demais.
Sinais sem cor desses corpos sem roupas,
Sem rostos, sem futuro e sem voz.
Carregam sujeiras presas aos poucos trapos, únicos fiapos de seres desiguais.
Imundices que combinam com os sentimentos que já não mais sentem pesar.
Sentimentos esfrangalhados desses desfacelados de um mundo que está prestes a desabar.
Calos e peles, piolhos e tristezas com jeito comum de gente qualquer.
Sabonete e xampu não têm preço,
Assim como a água ou a comida do dia-a-dia,
AH! Como queriam poder tomar uma sopa quentinha e comer umas fatias de pão dormido.
Ah! Como queriam uma cama quentinha para poder pensar que voltaram a ser gente.
Não há como esquecer os olhos pedintes,
Que imploram por alguns trocadinhos para comprar a cachaça que aquece o corpo em noites frias de inverno.
Indigentes... Que de gente nada mais guardam em si.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Memória completa aos 25


O que sou?
Uma pessoa dentre tantas outras,
Mais um corpo que se movimenta, respira, chora e ama.
Sou mais uma alma que tem sentimentos e lembranças de uma infância feliz,
Onde balas, chicletes e sorvetes resolviam todos os problemas.
Os avós carinhosos e sorridentes,
A mãe protetora com dupla responsabilidade sobre uma criança pequena,
O aprendizado da dor e da perda.
Sombra sem luz,
Alma solitária,
Sorriso com mover de lábios,
A criança eterna,
Sofrimento de perda,
Ave fora do ninho,
Época errada!
Anjo,
Demônio,
Lembranças boas,
Lembranças ruins,
Desejo sem culpa,
Culpa sem vontade.
Luz e escuridão,
Chuva e sol,
Doces, sorrisos, gargalhadas...
Palavra perdida,
Expressão calada,
Garganta emudecida, choro contido.
O dia quente de verão,
A estudante,
A profissional da saúde.
Apenas um corpo que se destaca na multidão, um movimento.
O olhar no meio do labirinto,
O carinho no olhar dos avós,
O amor da mãe solitária.
Separação, perda, dor, abandono, choro...
O desespero é o companheiro,
Uma pipa que sobe ao céu com o sopro do vento e a mão da criança.
Emoções tão à flor da pele...
Compaixão, lágrimas por outros,
Desilusão, recomeçar outra vez,
Amar outra vez, odiar outra vez!
Me perder no labirinto do mundo, nas ruas novas,
Angústia pelo novo.
Dizer palavras, produzir sons,
Memória completa aos 25!

Vida de andorinha


Voando em um céu azul,
Pairando no ar como a andorinha de vida breve.
Sem limites, contra o vento,
No ar vou planando de braços abertos
Sentindo os golpes do vento em meu corpo pequeno,
Vejo ao longe outros pássaros
Sou uma andorinha solitária
Nessa imensidão sem fim, única jornada.
Em meu rosto recebo a brisa e sorrio,
No alto das árvores faço meu ninho,
No inverno eu me escondo,
Não gosto do frio.
É triste ver o céu cheio de nuvens,
Sua cor mudando pro cinza.
No verão só quero saber de voar sem rumo
Sentir o sol me aquecer,
Ter minha breve vida de liberdade,
Uma andorinha livre a voar no azul.
Acabou como começou
Voando em um céu azul,
O céu de brigadeiro,
No meio do verão.

Ao medo: deixe-me dizer "te amo"


Às vezes apenas chorar não é o suficiente. Uma, duas lágrimas que escorrem pelo meu rosto pálido. Olhos marejados por uma tristeza inexplicável, tão profunda como a solidão que me angustia e me atormenta nessa gélida madrugada. Sob a luz de velas eu preencho as linhas, a chama bruxuleia devido à brisa que entra pela fresta do vidro da janela.
Meu corpo está frio, quase sem temperatura, meu coração às vezes diz que quer parar de bater, suspiro, volto a respirar.
Como posso amar alguém e continuar sentindo-me tão só? Às vezes acho que minha vida é um engano, uma mentira, que eu não pertenço a esse lugar, tempo e espaço mundano. Em outros momentos creio que seja algum tipo de depressão passageira ou medo de me deixar amar de novo, ter minha confiança traída e roubada junto com o meu coração tão machucado. Medo de te machucar sem saber...
Às vezes acho que não sobrou nenhum pingo de amor no peito, que todo o sentimento se esvaiu junto com as lágrimas que chorei. Sim, tenho medo de dizer “te amo”, pois quando isso eu fizer, não terei mais salvação. Estarei perdida em teus braços, presa em um labirinto que eu mesma criei.
Por que tanto medo, eu me pergunto. Medo... Medo... Medo de sentir e deixar esse amor profundo aplacar meu peito e arrecadar meus sentimentos de vez para si. Medo de sentir esse calor possuir o meu corpo inteiro, me fazendo delirar como uma febre alta e infinita. Dizer “te amo” é mais difícil do que dizer que gosto ou adoro, pois “te amo” é algo muito maior, sem definições pré-estabelecidas, sem dimensões ou barreiras para bloquear o sentimento, sem regras contrárias. É estar sempre junto em todos os momento, bons e ruins, dizer “te amo” não é tão simples assim e só deve ser dito quando se tem certeza disso, certeza que ama de verdade. Amar deve ser um gesto lindo entre dois seres humanos.
Lágrimas, medo, frio... Sozinha na noite. Perco o sono. Conto os tic-tacs do relógio. Sono... Medo... Amor profundo! Fundo do peito, um buraco que dói, uma dor que corrói a alma quando não te tenho por perto.
Sim, tenho medo de amar, de me deixar amar, tenho medo de pensar que um dia tudo possa se esgotar e simplesmente acabar e novamente sofrer. Sofrimento unido ao medo. Tenho medo de sofrer, medos das lágrimas de pura tristeza. Medo de te contar tudo que penso. Talvez eu esteja enlouquecendo por tanto pensar nisso. Afinal eu só quero ser feliz e não quero que seja somente eterno enquanto dure, quero que dure eternamente!
Te quero e preciso, tu me faz sorrir. Às vezes é verdade que entristeço com alguns atos humanos, mas se também sou humana, que posso fazer?
Queria poder estalar os dedos e esquecer as minhas tristezas passadas, e sei que tu gostarias de fazer o mesmo, talvez tu também tenha medo, assim como eu, de amar... Talvez, só talvez, a gente consiga aplacar o medo um do outro, guardá-lo em algum cofre e ser feliz lado a lado. Talvez nosso amor seja maior que nossos medos.
Eu rezo para que essa agonia chegue ao fim, que meu peito cicatrize com a tua ajuda. Eu rezo para que essa tristeza angustiante me abandone de vez, que eu não tenha mais medo, apenas certeza para poder dizer “te amo”!!!! Talvez eu possa concluir que seja tarde demais para escapar disso tudo, pois acho que já te amo demais mesmo com todos os meus medos presentes...

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Um dia de mim


Acordei sonolenta,
Não tinha vontade de sair da cama.
Fiz um esforço além de mim e levantei.
Tomei um banho demorado,
Estudei como montar personagens e como escrever um livro, talvez um dia eu escreva um.
Não gostei da forma que o professor pediu para montar meus personagens... Muita coisa não uso! Sempre criei meus personagens e minhas histórias sem essa tal técnica chata que ele ensinou.
Almocei, repeti o prato uma vez!
Assisti a dois filmes durante a tarde.
Tomei café com leite e comi pão com manteiga e mel.
Adoro molhar o pão no café, faço isso desde criança. Tem gente que fala que isso é falta de educação, mal educados são eles que dão palpite sobre as coisas.
Continuo molhando o pão no café porque fica mais gostoso!
Me arrumei pra ir trabalhar, ainda sem vontade de sair de casa.
Peguei o ônibus porque estava chovendo. Ainda tive que caminhar dez minutos.
Cheguei ao trabalho, estava sem vontade de estar lá, não queria olhar para ninguém, estou com TPM.
Liguei pro meu namorado,
Chorei!
Tentei estudar,
Tentei escrever,
Tentei ver TV,
Resolvi dormir...

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Perdida em mim


Palavras flutuam em frente aos meus olhos,
Segredos povoam meus pensamentos.
Sussurros ensurdecem meus ouvidos,
Acontecimentos cegam meus olhos,
Atam minhas mãos,
E emudecem minha fala.
Me enchem de maldade a alma
Por que pensar? Por que existir?
Se não posso sair de mim e entrar em ti?

Vazio da noite


No meio da noite
Um vazio me consola.
Nenhum pensamento povoa a mente,
Os olhos estão inquietos,
As mãos trêmulas...
A boca calada e o coração vazio.
Nenhum barulho,
Nem mesmo um simples sussurro.
Nada!
Somente o silêncio da noite
E a mudez profunda que habita meu peito.